Aprender a lidar com grandes questões é essencial. Mas tão importante é o caminho para nos tornarmos relevantes o suficiente até nossa presença e opinião ser levada em conta. E isso, nem sempre (quase nunca), as escolas ensinam.
Por Fábio Zugman,
Hoje vamos falar de um problema que percebi quando era professor de graduação. Você pega uma turma, com uma idade média de vinte e poucos anos. É verdade que sempre há uns vagabundos e desinteressados, mas a maior parte deles está ansiosa para entrar no mercado, entrar ou formar uma empresa e se tornar um profissional da área.
E o que fazemos? Se a aula é de marketing, podemos falar da competição entre a Pepsi e a Coca-Cola. Na aula de finanças, aprendemos como decidir se vale a pena investir na construção de uma nova fábrica. Em estratégia empresarial, discutimos fusões entre empresas e como analisar se produzimos localmente ou criamos uma rede com a China.
Tudo isso está ótimo, maravilhoso. Digo com a maior convicção que esse conhecimento é essencial para qualquer um que se diz administrador. Mas há um problema: Os alunos se formam e descobrem uma dura realidade.
A verdade é que ninguém pergunta a um recém formado qual a opinião dele sobre uma aquisição internacional. Sinceramente, nem deveria. Na faculdade, aprendemos grandes movimentos sobre grandes questões. Na vida real, você arranja um emprego de analista e precisa mostrar seu valor por alguns anos até a sua opinião valer alguma coisa.
Parece óbvio, mas é uma questão que vi frustrar muitos jovens profissionais. Os livros e aulas preparam para as salas executivas. Os anos de crescimento e aprendizado para chegar lá ficam em segundo plano.
Aprender a lidar com grandes questões é essencial. Mas tão importante é o caminho para nos tornarmos relevantes o suficiente até nossa presença e opinião ser levada em conta.
Quantos cursos falam de como lidar com chefes e colegas de trabalho? Como lidar com tarefas chatas? Como se apresentar e fazer contatos? Como lidar com a política do dia a dia? Como se tornar interessante para aquelas pessoas responsáveis pelas decisões sobre a sua carreira?
Qualquer pessoa que tenha passado algum tempo no mundo real sabe que frases feitas como “destaque-se” ou “faça um bom trabalho” não significam nada. Se por um lado todos os bons profissionais estão tentando fazer o mesmo, por outro não existe um conjunto de regras que dizem o que é “se destacar”. Tal coisa depende do contexto, das pessoas à nossa volta e do que elas valorizam.
Algumas faculdades e professores perceberam isso e começaram a falar de carreiras em seus currículos. Na minha experiência, ainda é pouco. Precisamos fazer mais. É preciso que um profissional entenda não só as grandes decisões, mas como fazer para se tornar parte delas. Na maior parte dos casos, isso envolve décadas de percurso.
Então, leitor, se você está entrando em um novo mercado, prepare-se. Aprenda a olhar em volta e prestar atenção às coisas que importam para as pessoas acima de você. Aprenda como conviver com pessoas diferentes, a diferença entre gostar de alguém e trabalhar com alguém. A realizar aquilo que se pede dentro de prazos e restrições e a fazer o que se pede de você sem supervisão constante. No mundo real, o feedback nem sempre é claro, as perguntas não têm respostas certas. E é com o passar do tempo, com o acúmulo de resultados e experiências, que você vai alcançar um lugar melhor.
Ninguém te entrega de bandeja um lugar em uma reunião importante. Quer chegar em algum lugar? Arregace as mangas e mãos à obra.
Fonte: Portal Administradores.
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