Por Júlio Clebsch
Editor da revista Liderança
publicado em 20/06/2012
Esta semana reproduzo um artigo da revista Liderança de junho – cujo título está destacado acima – da consultora em língua portuguesa Letícia Pereira. Ela explica a relação direta entre maiores salários e o “tamanho” do vocabulário dos profissionais. E, inteligentemente, destaca que essa relação não tem nada a ver com sair por aí decorando dicionários.
“Li em uma revista, há algum tempo, uma matéria sobre uma pesquisa que indicava que o salário de um profissional estava diretamente relacionado à extensão do seu vocabulário. Assim, quanto mais palavras uma pessoa conhece e usa, maior é o salário dela. Será que é tão simples assim? Claro que não se trata de decorar o dicionário e sair por aí utilizando palavras sem saber como empregá-las corretamente, e ainda se sentir no direito de pedir um aumento de salário ao chefe. Na verdade, há indícios que justificam essa relação entre vocabulário e salário.
Vamos pensar em uma pessoa, de nosso convívio ou não, que sabe muitas palavras, seus significados e seus usos no dia a dia. O que essa pessoa poderia ter feito, ou deverá fazer, para dominar ou aumentar esse repertório? Primeiro de tudo: ler muito – e de tudo um pouco –, da literatura clássica aos folhetos publicitários.
A leitura é a melhor maneira de conhecer novas palavras. E nos textos elas estão aplicadas em um determinado contexto, o que facilita compreender seu significado. Caso o contexto não seja suficiente para o entendimento, o que é raro, o dicionário continua valendo. Por isso, não adianta só considerar que uma palavra é “bonita”, ou tem uma pronúncia agradável, e sair por aí utilizando-a sem saber o significado dela e os casos em que pode ser empregada. Para quem acredita que aumentar o número de leituras é suficiente, tenha a certeza de que não é. Além de ler as palavras e encontrar o significado delas, é preciso usá-las no dia a dia, praticá-las, como qualquer outra coisa que estejamos aprendendo, como dirigir. Se não usamos a nova palavra por um tempo em nosso cotidiano, acabamos nos esquecendo dela e assim deixamos de incluí-la em nosso repertório.
Essa questão de ampliar o vocabulário tem muito a ver com opções bem particulares. Lembro que em uma de minhas aulas, uma aluna, ao ser apresentada ao travessão, sentiu uma grande simpatia por tal sinal de pontuação e passou a utilizá-lo frequentemente em seus textos escritos. Língua também é questão de afeição.
O que essa discussão pretende apresentar é que a relação entre vocabulário e salário tem fundamento, uma vez que uma pessoa que dispõe de um amplo vocabulário não o tem por mero dom, mas, sim, por esforço, leitura, estudo e cuidado, características essenciais de qualquer profissional da era do conhecimento.”
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