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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Robin Wood às avessas

Entenda como o sistema tributário brasileiro acaba tirando mais dinheiro dos pobres para alimentar um único rico: o próprio estado.




 Fonte: http://veja.abril.com.br/multimidia/video/robin-hood-as-avessas

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Qual o tamanho do seu vocabulário?


Por Júlio Clebsch

Editor da revista Liderança

publicado em 20/06/2012

Esta semana reproduzo um artigo da revista Liderança de junho – cujo título está destacado acima – da consultora em língua portuguesa Letícia Pereira. Ela explica a relação direta entre maiores salários e o “tamanho” do vocabulário dos profissionais. E, inteligentemente, destaca que essa relação não tem nada a ver com sair por aí decorando dicionários.
“Li em uma revista, há algum tempo, uma matéria sobre uma pesquisa que indicava que o salário de um profissional estava diretamente relacionado à extensão do seu vocabulário. Assim, quanto mais palavras uma pessoa conhece e usa, maior é o salário dela. Será que é tão simples assim? Claro que não se trata de decorar o dicionário e sair por aí utilizando palavras sem saber como empregá-las corretamente, e ainda se sentir no direito de pedir um aumento de salário ao chefe. Na verdade, há indícios que justificam essa relação entre vocabulário e salário.
Vamos pensar em uma pessoa, de nosso convívio ou não, que sabe muitas palavras, seus significados e seus usos no dia a dia. O que essa pessoa poderia ter feito, ou deverá fazer, para dominar ou aumentar esse repertório? Primeiro de tudo: ler muito – e de tudo um pouco –, da literatura clássica aos folhetos publicitários.
A leitura é a melhor maneira de conhecer novas palavras. E nos textos elas estão aplicadas em um determinado contexto, o que facilita compreender seu significado. Caso o contexto não seja suficiente para o entendimento, o que é raro, o dicionário continua valendo. Por isso, não adianta só considerar que uma palavra é “bonita”, ou tem uma pronúncia agradável, e sair por aí utilizando-a sem saber o significado dela e os casos em que pode ser empregada. Para quem acredita que aumentar o número de leituras é suficiente, tenha a certeza de que não é. Além de ler as palavras e encontrar o significado delas, é preciso usá-las no dia a dia, praticá-las, como qualquer outra coisa que estejamos aprendendo, como dirigir. Se não usamos a nova palavra por um tempo em nosso cotidiano, acabamos nos esquecendo dela e assim deixamos de incluí-la em nosso repertório.
Essa questão de ampliar o vocabulário tem muito a ver com opções bem particulares. Lembro que em uma de minhas aulas, uma aluna, ao ser apresentada ao travessão, sentiu uma grande simpatia por tal sinal de pontuação e passou a utilizá-lo frequentemente em seus textos escritos. Língua também é questão de afeição.
O que essa discussão pretende apresentar é que a relação entre vocabulário e salário tem fundamento, uma vez que uma pessoa que dispõe de um amplo vocabulário não o tem por mero dom, mas, sim, por esforço, leitura, estudo e cuidado, características essenciais de qualquer profissional da era do conhecimento.”

quinta-feira, 29 de março de 2012

O Idiota e a Moeda

Por Arnaldo Jabor

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

- Eu sei, respondeu o tolo. “Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda”.

Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.

Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.

Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação.

Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam… é problema deles.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Julgar as pessoas... Cuidado!!!

Crônica da Loucura - Luis Fernando Veríssimo

O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim,somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.

Durante quarenta anos, passei longe deles . Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.

O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco.

Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.

Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:

Na última quarta-feira, estávamos:

1. Eu

2. Um crioulinho muito bem vestido ,

3. Um senhor de uns cinqüenta anos e

4. Uma velha gorda.

Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.

(2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime . Deve gostar de uma branca, eos pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba"? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza.

O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala . Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.

(3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatostambém pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas.Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assuou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro,abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.

(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um

terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava na quinta dezena em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.

Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.

Ele ri... Ri muito, o meu psicanalista, e diz:

- O Ditinho é o nosso office-boy.

- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.

- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.

-"E você, não vai ter alta tão cedo...."